Alunos de Medicina de instituições brasileiras farão o Revalida
De acordo com o Inep, a prova será aplicada por amostragem, apenas para avaliar o prório exame
Teste é elaborado para médicos formados no exterior interessados em exercer a profissão no Brasil
RIO – Estudantes de Medicina matriculados em instituições do Brasil também terão que fazer o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida), prova obrigatória para médicos formados no exterior interessados em trabalhar no país. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), os alunos brasileiros farão a prova como um pré-teste, por amostragem. O objetivo da medida é apenas avaliar o próprio o exame, para verificar se está adequado às diretrizes curriculares dos cursos de Medicina no país.
A prova será feita por alunos dos sexto ano, ainda este semestre, no mesmo dia em que for aplicada aos formados do exterior. Em anos anteriores, o índice de reprovação do exame passou dos 90%. Mas os estudantes que cursaram universidades brasileiras não terão que passar no teste para exercer a profissão no país. Ainda não há calendário definido e o Inep não informou mais detalhes sobre o assunto. Veja aqui as provas e os gabaritos da edição de 2011.
No dia 12 de junho, em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já havia anunciado a intenção de aplicar o Revalida a estudantes brasileiros. O objetivo era avaliar o grau de dificuldade do exame, comparando o desempenho dos brasileiros com os estrangeiros.
Idealizado em parceria pelos ministérios da Saúde e da Educação, o Revalida confere validade a diplomas expedidos por universidades estrangeiras. Ao todo, segundo o Inep, 884 médicos formados no exterior passaram pelo teste no ano passado, dos quais 560 eram brasileiros que estudaram em instituições estrangeiras e pretendiam trabalhar no seu país de origem. Em seguida, estavam bolivianos (156), peruanos (39) e colombianos (30). Apenas 77 do total de participantes foram aprovados, sendo que 42 são brasileiros.
Dos 884 participantes, 441 se formaram na Bolívia. Deste grupo, apenas 15 (3,65%) passaram no teste. Cento e oitenta e dois candidatos do Revalida em 2012 se formaram em Cuba, sendo que 20 foram aprovados. Em 2011, de 677 candidatos, somente 65 (9,6%) foram considerados aptos para exercer a profissão de médico no Brasil.
O diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF), José Carlos Trugilho, disse que já sabia dos planos de aplicar o Revalida a estudantes brasieliros. De acordo com ele, a proposta foi apresentada pelo MEC em uma reunião em Brasília, no ano passado.
– O índice de reprovação nesta prova tem sido muito grande. E a proposta é mostrar que ela não é um dispositivo feito para reprovar, mas que está sim no nível das pessoas que acabaram de se formar no Brasil. Isso deve mostrar como o exame é feito de maneira honesta, mostrando a clareza da avaliação – disse.
Segundo ele, é provável que a prova não gere resultados individuais ou rankings de universidades, mas estatísticas gerais que mostrem o desempenho alcançado pelos alunos. Sobre as expectativas para os resultados, Carlos é otimista:
– Como vejo que os alunos da UFF têm conseguido aprovação em residências, acredito que não terão dificuldade. Acho que a prova é condizente com o nível dos brasileiros – pontuou.
Já a presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, Márcia Rosa de Araujo, foi pega de surpresa pela decisão. Ela criticou a medida e acredita que os resultados não serão relevantes.
– Acho que é mais uma forma de o governo se esquivar de uma abordagem dos reais problemas como a falta de médicos no interior. Também acho que o governo deveria estar mais preocupado em fechar as escolas que tiveram resultados ruins nas últimas avaliações de desempenho das instituições – comentou.
FONTE: O Globo Online