Autores: Vanessa Broseghini Cocchetto, Marianna Pires, Bruno Simões, Sandra Durães, Simone Salles, Mayra Rochael.

Paciente feminina, negra, 45 anos, queixando-se de “bolinhas no corpo”, que surgiram no joelho, face e membros. Relatava também astenia e dispnéia aos esforços leves. Ao exame dermatológico observamos pápulas e nódulos eritemato-acastanhados no lábio inferior, periorifício nasal, braço esquerdo e joelhos. Hemograma, bioquímica, cálcio sérico e urinário estavam normais, assim como radiografias de mãos e pés, PPD, exame oftalmológico e eletrocardiograma. A prova de função respiratória mostrou distúrbio ventilatório obstrutivo leve com capacidade vital forçada reduzida. A TC de tórax mostrou infiltrado em “vidro fosco” nas porções pendentes dos pulmões e linfonodomegalias mediastinais. O exame histopatológico foi compatível com sarcoidose. A paciente foi encaminhada à pneumologia para estadiamento e tratamento de sarcoidose sistêmica, mas antes de qualquer terapêutica, houve desaparecimento gradual das queixas respiratórias e das lesões cutâneas. Já que não havia feito uso de nenhuma medicação, a paciente foi considerada em remissão espontânea, e está em acompanhamento nos ambulatórios de dermatologia e pneumologia. A sarcoidose é uma doença granulomatosa multissistêmica, de origem desconhecida, que mais comumente envolve os pulmões. As manifestações cutâneas ocorrem em mais de um terço dos pacientes e consistem em pápulas e placas eritemato-acastanhadas a violáceas, que surgem na face, lábios, região cervical, tronco superior e extremidades. A terapia de escolha é o corticóide. A doença remite espontaneamente em cerca de 50% dos pacientes e, em 15 a 20% dos casos, permanece ativa ou recorre intermitentemente.